Volume acumulado com vendas do setor bateu US$ 37,44 bilhões em março. "Momento atual é uma grande oportunidade de fazer negócio", afirma produtor de café do interior de São Paulo. O produtor de café Márcio Luiz Palma Resende, de Altinópolis (SP) Rafael Cautella Cafeicultor de Altinópolis (SP), Márcio Luiz Palma Resende exporta há pelo menos 15 anos para Estados Unidos e Canadá. Para 2024, embora ainda não tenha números precisos, a expectativa é otimista. E não é por menos. O café verde, vendido em grãos, representa um saldo de US$ 2,2 bilhões na balança comercial brasileira, com um aumento de 33% na comparação com o ano passado, e de 42,5% no volume exportado, mesmo com uma baixa de 6,1% no preço das commodities. Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp “Estamos começando a sair de um período climático muito complicado e a expectativa é muito positiva para este ano. O momento atual é uma grande oportunidade de fazer negócio para quem exporta café”, afirma. O café produzido por Márcio é apenas uma das culturas que, apesar da desvalorização no mercado internacional, ajudaram o agronegócio brasileiro a bater recorde nas exportações até março deste ano. Esta reportagem faz parte de uma cobertura referente a temas relacionados à Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo que acontece em Ribeirão Preto (SP) entre 29 de abril e 3 de maio, com projeção de receber 200 mil pessoas e resultar em pelo menos R$ 13,2 bilhões em contratos. O g1 tem uma página especial sobre o evento. Nos três primeiros meses de 2024, as exportações do setor atingiram US$ 37,44 bilhões, representando um incremento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura. Fevereiro foi o mês com maior aumento, com 19,7%. Isso mesmo com um índice de preços em queda de 11,9%, em que a soja é a cultura mais afetada, com redução de 19% no acumulado de janeiro a março. Outras culturas como o milho, carne de frango e couro também apresentaram recuos significativos, em meio a uma conjuntura marcada por fatores como a desvalorização da moeda brasileira diante do dólar. Em 2023, o agro brasileiro já havia alcançado números recordes, respondendo por 49% das exportações do país. Foram vendidos US$ 166,55 bilhões em commodities, com aumento de 4,8% em comparação a 2022, o que representou US$ 7,68 bilhões a mais naquele ano. Segundo especialistas e o próprio Ministério da Agricultura, a redução nos preços tem sido compensada pela elevação da quantidade exportada pelo Brasil. Um fenômeno observado desde o fim da pandemia da Covid-19. Exportação de grãos Prefeitura de Campo Grande/Divulgação “Além de um período difícil para a economia global, nós estamos ainda em um momento de recuperação de consumo e reforço dos acordos bilaterais, sobretudo com a China. Outro reflexo desse momento é a queda constante no Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação”, explica José Giacomo Baccarin, professor de economia da Unesp de Jaboticabal (SP). Nesse contexto, a diversificação de mercados também conta a favor do país. Além da China, União Europeia, Estados Unidos e Sudeste Asiático estão entre os principais destinos das exportações. Recentemente, o Brasil firmou um acordo com a Coreia do Sul para comercializar subprodutos de origem animal, como farinhas e gorduras de aves. LEIA TAMBÉM Pulverização eficiente, dados precisos, máquinas silenciosas: aplicações de IA são tendência na agricultura Baixa nas commodities, seca, recuo de vendas: quais as projeções do setor de máquinas agrícolas para 2024 “Embora a China continue sendo um grande comprador dos produtos brasileiros, é fundamental explorar novas parcerias comerciais e criar condições atrativas para aumentar a gama de compradores", afirma a professora de economia da Universidade de São Paulo Ana Carolina Rodrigues. Ela ressalta, por outro lado, a importância de os produtores buscarem alternativas para compensar a baixa nas commodities. "A queda está diretamente ligada a uma conjunção de fatores, como a desaceleração econômica global, as políticas comerciais de outros países e até mesmo questões climáticas. É um cenário desafiador para os produtores brasileiros, que precisam buscar estratégias para se manterem competitivos", diz Ana. Para determinadas culturas, o atual desafio está na variação de preços, a exemplo do café futuro, ou seja, que já foi comercializado, mas ainda não foi colhido. “Os estoques internacionais estão muito baixos devido aos baixos volumes exportados no primeiro semestre do ano passado e o café pronto para exportar acaba valendo mais do que o café futuro”, afirma Willian César Freiria, gerente da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca (Cocapec). Veja mais notícias da Agrishow 2024 VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região
Muitos trabalhadores da ilha, famosa pelas praias e festas, não conseguem pagar os altos preços do aluguel — e acabam vivendo em carros ou barracas de acampar. César Nebrera vive em seu automóvel, apesar de trabalhar como chef de cozinha em Ibiza. BBC César Nebrera serve uma xícara de café que preparou em um fogareiro no porta-malas do carro. O antigo sedã verde da Kia está parado à sombra de uma alfarrobeira, ao lado da estrada principal que leva à cidade de Ibiza, na ilha de mesmo nome, na Espanha. “Sinto falta das coisas básicas que tornam a vida confortável, como poder ficar em pé dentro de casa, cozinhar de maneira adequada ou até mesmo abrir uma gaveta e pegar algumas meias”, diz ele. "São os tipos de coisas que você perde quando mora em um carro." O Kia de César tem sido sua casa nos últimos três anos. Ele trabalha como chef de cozinha, mas como os preços do aluguel na ilha espanhola dispararam, ele não pode se dar ao luxo de morar em um apartamento. “Em Ibiza, a moradia é muito cara, e está ficado cada vez mais”, afirma. "E o preço do aluguel está longe de ser compatível com o que você ganha. Então, viver assim é uma alternativa. É menos confortável, mas me permite continuar morando na ilha." 'É menos confortável, mas me permite continuar morando na ilha', diz Nebrera. BBC Ibiza é uma das quatro principais ilhas do Mediterrâneo que formam as Ilhas Baleares da Espanha. As outras são Maiorca, Minorca e Formentera. Muitos profissionais locais vivem em condições igualmente precárias em Ibiza, devido ao alto preço do aluguel. No ano passado, o IGC, órgão que representa a guarda civil, afirmou que “três ou quatro” dos seus agentes viviam em veículos na ilha. Barracas de acampar Outros moradores passaram a viver em barracas de acampar ou em alojamentos compartilhados muito básicos. Daniel Granda, porta-voz do Sindicato de Inquilinos de Ibiza e Formentera, organização que representa os inquilinos locais, diz que esse tipo de situação está se tornando comum. “Muita gente acaba em condições bastante miseráveis. Estamos começando a ver favelas por toda a ilha”, observa. “Sem a possibilidade de encontrar uma moradia que nos permita viver normalmente, nós que vivemos na ilha temos a sensação de que estamos sendo expulsos dela." Famosa pelas águas cristalinas e pelas festas, Ibiza recebeu 4 milhões de turistas no ano passado. Getty Images via BBC As elevadas taxas de juros e a recente crise do custo de vida demoveram muitos espanhóis da ideia de comprar imóveis, gerando um aumento na demanda por imóveis alugados, o que fez subir os preços. Os preços do aluguel nas Ilhas Baleares aumentaram em média 18% só no ano passado, em comparação com um aumento médio de 12% a nível nacional. No entanto, o status de Ibiza como polo turístico situado em uma área relativamente pequena potencializou este fenômeno na ilha, levando a aumentos muito mais acentuados — em alguns casos, de até 40% ou 50% só no último ano. Moradias com preço para turista Isabel María Pérez, que está procurando moradia acessível na ilha, diz que um quarto de solteiro custa entre 700 e 1.000 euros (R$ 3.900 e R$ 5.600) por mês, enquanto um apartamento modesto pode custar cerca de 1.500 euros (R$ 8.400). Ela trabalha como caixa de supermercado e seu companheiro é funcionário em um hotel cinco estrelas. O casal teve que se mudar do apartamento que alugavam quando o imóvel foi vendido pelos proprietários. Desde então, eles moram com a sogra de Isabel. Natural de Castilla La Mancha, na região central da Espanha, Isabel conta que ela e sua família estão cogitando agora voltar para o continente, simplesmente por conta da questão habitacional. “O problema em outras partes de Espanha é que não há muito trabalho”, diz ela. "Aqui tem todo o trabalho que você poderia desejar, mas não há lugar para morar." Embora o turismo gere muitos empregos em Ibiza, também dificulta o acesso à moradia. Getty Images via BBC A taxa de desemprego na cidade de Ibiza, a capital da ilha, é de pouco menos de 5%, em comparação com 8% em Madri ou 19% em Sevilha, capital da região da Andaluzia. Com uma população de apenas 160 mil habitantes, Ibiza recebeu aproximadamente quatro milhões de turistas no ano passado, um novo recorde, e 84% da sua atividade econômica está vinculada ao turismo, segundo o governo local. Embora seus hotéis, restaurantes e casas noturnas gerem muitos empregos, uma grande parte das suas moradias só está disponível a preços turísticos para temporada — e os trabalhadores locais são excluídos do mercado. O governo regional conservador das Ilhas Baleares, que assumiu o poder no ano passado, optou por não implementar uma lei habitacional aprovada pelo governo espanhol em Madri, que procura limitar os preços dos aluguéis em áreas do país onde dispararam. Juan Miguel Costa, responsável pelo turismo de Ibiza, acredita que o problema é que se ganha mais alugando por temporada do que alugando para alguém durante o ano todo, BBC Em vez disso, as autoridades locais atribuem o problema da habitação principalmente aos proprietários de imóveis em áreas residenciais de Ibiza que estão desrespeitando a lei ao alugarem suas propriedades por curta temporada, enquanto as leis locais determinam que deveriam alugar por pelo menos seis meses. O governo local diz que desde 2019 aplicou cerca de 4 milhões de euros em multas relacionadas a atividades ilegais no setor do turismo. “O problema é que você ganha muito mais dinheiro alugando por dias ou semanas do que alugando de acordo com a lei”, explica Juan Miguel Costa, responsável pelo turismo em Ibiza. Segundo ele, as autoridades regionais e municipais precisam trabalhar em conjunto "para combater essa sensação de impunidade que tem havido na ilha, de que é muito fácil oferecer ilegalmente um apartamento [para turismo] em um prédio residencial, ou oferecer um imóvel como casa de férias sem licença de férias." Os salários na ilha não aumentam na mesma proporção que os aluguéis. Getty Images via BBC Costa também atribui o aumento dos preços dos aluguéis ao fato de que muitas casas permanecem sem uso ao longo do ano, devido às preocupações dos proprietários sobre possíveis ocupações — reduzindo ainda mais a oferta de moradia para os trabalhadores locais. Uma ironia da crise imobiliária de Ibiza é que ela ameaça agora minar a indústria do turismo, a mesma que vem sendo responsabilizada por causar o aumento dos preços dos aluguéis. “Quem vive aqui diz sempre a mesma coisa: alguma coisa tem que acontecer, porque os preços continuam subindo”, diz George McBlain, diretor de operações do O Beach, uma casa noturna e restaurante que emprega trabalhadores da ilha, da Espanha continental e do exterior. “Obviamente, os salários sobem um pouco, mas não o suficiente”, acrescenta. "Tenho amigos aqui, e os aluguéis deles dobraram no espaço de um ano. E se isso continuar, o que vamos ver — e já está acontecendo — é que os trabalhadores que vêm para a ilha vão escolher outro lugar [para trabalhar]." Ativistas vandalizam iate atracado em Ibiza
Copyright © DJG Consultoria em T.I.
Design This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.